Neste momento
há muito ruído
um corvo mata outro!
há um apartamento totalmente destruído
entre los cacos
há um capacete enferrujado
dentro da cavidade…
há um anel que brilha, no esquecimento…
enquanto uma flor se inclina perante
para evitar um olhar maldoso.
Wednesday, July 23, 2008
Bombardeamento
Monday, July 21, 2008
Algo vem de dentro
Perdi a bússola, o mapa e o caminho
e me perdi no deserto
é preciso ir por onde ?
orienta-me!
manda-me um dromedário ou um río
estou sozinho
no sentido inverso
tenho sede neste labirinto,
muito sede
ainda estou sozinho
na direcção errada
a miragem , o silêncio, o esquecimento…
é preciso ir por onde ?
não sei…
não sei quase nada…
não sei nada…
não sei o meu nome
chamo a silhueta, a cobra, o sol
não ouço nada…
nada de novo
excepto um eco remoto:
hi ha ho!
não quero regressar
não sou capaz de avançar
só ao cair da noite
algo cala-me na alma
uma estrela que brilha ao longe
é para mim
só para mim
enfim, uma queda de água !
o coração bate mais forte
assim, por milagre
saio do labirinto
existo de novo
e faço parte de outra atmosfera
é coisa de outro mundo novo
nunca vi nada tão bonito e verde
algo vem de dentro
e dá sentido à outra vida possivel :
dá-me esse livro !
tenho sede, muito sede.
Segunda-feira, Julho 21,2008
Wednesday, July 16, 2008
Retrato

1
Sou eu !
um suposto ovni
mas ainda não sei quem eu sou
continuo no meu caminho
mas ainda assim não compreendo
aonde vai dar este caminho
tudo muda
excepto eu
o mundo se irradia em varias cores
este mundo me diverte
gosto de conhecer lugares diferentes
gosto de estar com qualquer pessoa, ali
gosto de caminhar
gosto de assistir um bom partido de boxe
adoro ver filmes de terror
adoro desafios
considero esta distância uma obra-prima aberta
tento ser boa pessoa simples
da minha vida
só posso dizer
é uma vida múltipla e esquisita por dentro e por fora
tudo parece fascinante
só penso enfim
como é difícil ser feliz
e fazer quem me cerca feliz !
2
do re mi fa sol
está sol
amo você
como deve ser
data limite de amor:
sem limite
espera...
chegarei de longe, qualquer dia
salvo algo em contrário
A jarra de Matisse(*)
Como se nada tivesse acontecido
A jarra de Matisse não se partiu
A princesa ainda está a dormir profundamente
O seu corpo esbelto
Ainda está a dormir entre parênteses
Só um canto do olha
É capaz de despertar esse corpo quase sempre dormente
A princesa olha-se no espelho
O que aprecio mais nela
É a sua maneira de estar em forma, contente apesar de tudo…
Já não amo mais o homem que conheci
Não sei porque é que ele não voltou até hoje
- Eu disse-te tudo
Além do mais, o homem com quem falei ontem
Estará lá á hora certa
Ele mudou muitíssimo
Foi ele próprio quem o disse
Eu, feliz como um anjo sem-sexo
Dei-lhe um aperto de mão
O que aprecio mais nela
É a sua maneira de estar em forma, contente y feliz apesar de tudo…
(*)Henri-Émile-Benoît Matisse foi um pintor, desenhista e escultor francês do Fauvismo.
Espectáculo de luz

É uma aldeia cuja la principal indústria é a Poesia
Dali venho
Só para mudar de ares
Sempre tive dificuldade em me exprimir
Mas agora tenho o coragem para escrever algo atrevido
Amo vc!
Só tenho um caminho
Tenho amor a todo o mundo
Tenho carinho e/ou simpatia por mil e uma flores
Mas não gosto da maneira como ele nos olha
Tenho a impressão que vai chover
Não me diz nada
Mas amo vc e leio o seu livro na diagonal
Sem segundas intenções
Tanto gritou
Que perdeu a voz
A quem é que me devo dirigir ?
Está escuro em todo o lado
É necessario fazer algo
Mas este ascensor está avariado
Por isso, devo subir as escadas, de quarto em quatro
No rés-do-chão
Há espaço para todo o mundo
Sob a égide dum guarda-nocturno
No primeiro, não há ninguém
No segundo, também não
No terceiro, nada de interessante
No quarto, nada de nada
No quinto, um gato esconde outro
No sexto, uma porta entreberta
No sétimo ….
Até que emfim !
Ufa, a jarra não se partiu !
é o que mais me agrada aqui
Olha para mim
A menor nuvem
Faz-me muita pena
Tudo é poesia, paz e luz
Espero-te
Jamais deixarei uma rosa semelhante de lado
o vento apague tudo no deserto
as lembranças, as pegadas, as folhas secas
sozinho estou e apaixonado
ainda não existe nenhum tsunâmi
no meu coração verde
só um sol insolente
a única certeza que brilha até hoje
Tudo é poesia, paz e luz
te espero sempre
é só se abreviar esta distância atroz
entre um sonho e um sobrevoo na realidade.
Fernando em pessoa
O poeta é um fingidor.
Finge tão completamente
Que chega fingir que é dor
A dor que deveras sente.
Fernando Pessoa – 1931
foi ele que compôs esta cançâo?
Um poeta múltiplo de um certo tempo
sobe até ao cimo duma alta montanha
bem lá em cima
no prolongamento do olhar
um pássaro não cessa de abreviar o espaço
é preciso coragem
para fazer um tal jogo
mascarar-se
é preciso amor
para acostumar-se muito bem à uma nova vida
mascarar-se
é preciso fogo
para incendiar o sentido único da cidade triste
O mais lindo amor do mundo
É o sítio com que tenha sonhado
Só para ser muito amigos
Enquanto ficarmos aqui, nesta aldea global
estaremos sozinhos e juntos
Nós somos pássaros migradores
Só para voar como deve ser em forma de um coração gigante
de baixo a alto
e no sentido inverso dos ponteiros de um relógio
Só para ter a possibilidade
de compor outra canção paralela ao comboio rápido
Do re mi fa sol!
Tenho alguns poemas para escrever
É grande coisa
de dizer alguma coisa a uma rosa qualquer
Em silêncio
Faço o que posso
Um poema para você por exemplo
Só para você
Espera-me um minute!
Só um minuto!
vc é muito especial pra mim.
O mais lindo amor do mundo
É voar em forma de um coração gigante
de baixo a alto.
Amor com filtro
Sou homem de longe que ama outrem
E que se deja amar na beira-mar
sem que ninguém dê por isso
Sou homem de palavras que ri e chora ao mesmo tempo
Sou homem que vive emoções sem limites
Pra partilhar com você algo com filtro
Pois partilhar com você este poema
É uma festa exclusiva, exótica e excitante
Vamos escrever algo no escuro ?
Mas vou sair agora, longe disso
Meus amigos e inimigos precisam de mim
Do re mi fa sol !
Amo você doutra maneira
Seja bem vinda neste mundo
Este mundo aproxima as cores
Este mar faz parte de minha aldea global
Do re mi fa sol !
O mar espalha luz e reflete o amor em todo o lado
A poesia também : do re mi fa sol !
Amo o que tenho
Amo o que faço
Amo você
Mas não me deixes cair !
Acento circunflexo
mas onde estás ?
se esta porta não abre
vai ver beira-mar
se as chaves lá estão
vem lá!
há um horizonte muito vasto
no fundo do azul
mas há que fazer o possível finalmente
para saber quem é você na realidade
estou na cama e na rua ao mesmo tempo
por que estrada é que devo ir ?
só tenho um coração em forma de acento circunflexo
preciso especialmente dum arco-íris
ou dum pouco mais de sangue novo
o importante é ser muito amigos
os passaros devem mudar de ar
e cantar para além da camada do ozono:
do re mi fa sol
Protocolo de amizade
Sob a égide do espectáculo de som e luz
amo você
entre parênteses
os passaros amam-se na realidade virtual
e escrevem-se regularmente
mas se um deve ausentar-se
o outro deve esperar sua
escrevo
tenho um horizonte igual ao teu
se precisares do que quer seja, avisa-me
e até nova ordem
abre a janela
se não a fizeres imediatamente
zango-me !
Excesso de amor
Muitas destas flores são cadáveres
Como é cobarde fugir a bom fugir !
Sem dúvida alguma
Nenhum de nós tem intenção de recuar qualquer dia
O meu relógio atrasa de costume
Mas a chamada da floresta nunca atrasa
Até nova ordem
Amo você assim
Sem exigência alguma
Sem ambigüidade
Como é cobarde demitir-se qualquer dia
Para morrer de sede à beira-rio
Veja o video com Eliane Alcântara
Um hífen
Obrigado pelas
no todo,estou tão feliz
que nem vejo
através do buraco duma gulha
o elefante da metáfora
algo bate a nossa porta :
do re mi fa sol !
está sol
quem sou eu ?
um tal ave típico do Norte de Àfrica
terno, tímido e triste
faz amizade com você
parabéns !
paz, poesia e luz
eu amo você ou amo você
conforme fizer bom ou mau tempo
só um grande amor pode alterar este mundo
Reciclagem dum mundo podre
Este mundo ? eu gosto dele, e tu ?
Mas existem várias possibilidades verdes…
Para levar Nietzsche ou Fernando Pessoa a fazer algo, hoje
Premeditamente e sem assédio nenhum
Vou reciclar esta suposta aldea global
Só tenho um sonho : hi ha ho!
Apagar este mapa mal feito, pobre e podre
Sugerir a Nietzsche ou a Fernando Pessoa que faça outro
Então, vens ou não ?
Eu amo você, na realidade, loucamente
Ou tudo ou nada :
Do re mi fa sol !
Mas nenhum de nós
Sabe o funcionamento desta máquina enferrujada
Ninguém sabe
Toma a iniciativa de fazer algo :
Apagar este mapa mal feito, pobre e podre
Sugerir a Nietzsche ou a Fernando Pessoa que faça outro
Eu e Você
só restam dois
eu e você
escreve nisto, meu nome, por extenso
um amor ligeiro esconde outro mais intenso
te busco em algum lado
ou precisamente
me busco em você
eu sei que estàs aí em algum lado
mas onde estás ?
Diante do espelho
Quando me lembro de ti
me sinto só e múltiplo diante do espelho
me lembro agora
mas agora me lembro onde te achei
eu te vi numa grande cidade inexistente chamada Orkut
agora, já me lembro !
em criança, eu estava cansado : do re mi !
estava mesmo agora a colher mil e uma flores
mas esqueci-me de te dizer algo especial !
que posso então oferecer-te agora?
se ficares comigo
posso oferecer-te tudo :
a aldea global, o meu pequeno mundo distante
me sinto tão grande diante de ti :
do re mi !
mas também, diante de ti
me sinto só e múltiplo
quero olhar em teus olhos
algo especial
quero perder-me em ti, no horizonte
até a camada do ozono !
que posso então oferecer-te agora?
Onde há mulher há horizonte
é-me indefirente
mas sonho com você quase a todo o instante
não sei quem é você
é-me indefirente
mas adoro você assim
encantadora, profunda e simples
não sei quem é você
é-me indefirente
mas gosto de conhecer rosas e espinhos
todo o mundo ama neste mundo de merda assim assim
mas gosto de conhecer rostos e espelhos
todo o mundo chora mediocramente
não gosto disso
eu estou muito feliz!
onde há mulher há horizonte
onde há horizonte há Poesia
onde há Poesia há algo especial
onde há algo especial
eu existo
é-me indefirente
mas eu não existo sem você
por isso sonho com você quase a todo o instante
Um asterisco sorridente
Com outro sorriso radiante e assim por diante
Um lábio livre
Para atar outro
Etc.
Só tenho um asterisco sorridente
É fazer explodir o Muro de Berlim
E deixar os povos fazerem o necessário.
É sonhar fazer algo no exílio
E ter algo para dar
Sem esperar um regalo
Ou sem que ninguém dê por isso
Matices
Matiz 1
obrigado!
por ora
estou fora
em algum lado
está na hora de despir-te
diante do espelho.
Matiz 2
obrigado!
hoje, eu fico-me em minha casa
convida quem quiseres
para a mesa
está na hora de festejar outra vida possível
Matiz 3
um arco vibrante
+
uma flecha febril
=
um feliz arco-íris no horizonte
este corpo doce esconde um corvo dum Edgar Allan Poe
esta cor berrante esconde uma pó de talco
Na janela
1
ela é como eu
quase obrigada a dançar na corrente de ar
2
dá-me esse livro
quero outra asa livre
para voar até ali
no sentido inverso dos ponteiros do meu relógio
quero percorrer esta distância atroz
para beber este rio ávido
3
outra vez
deste jardim secreto
um jasmim tunisiano vai de viagem
até ali
é só abrir a janela
para apalpar a verdade branca
dum cheiro selvagem
Fora de jogo
Nunca vou ao teatro
Eu te amo muito
Eu acho que nós somos ótimos juntos há três milénios,
Mas estou me sentindo ansioso
Eu não consigo escrever, dormir ou sonhar
Preciso esquecer algo
Eu preciso de outro mundo
Um momento
Poesia?
Para que serve hoje em dia?
Isto é loucura ou jogo de luxúria em vias de extinção
Tem abrigo em outro lugar?
É melhor ir a pé ao deserto.
No império de José Ga
preciso dum pouco de sal, de sol
e precisamente dum pouco mais de do re mi fa sol
preciso dum Fernando Pessoa por exemplo
e duma pessoa especial em cada mil
com um coração decapotável
capaz de atacar os extraterrestres, os medíocres e a camada do ozono
um tambor ressoa, ao longe, na floresta
o meu relógio nunca atrasa
então, vens ou não?
eu irei
mesmo se ficares
amo você minha gata
não há comboio para orkut hoje
é só subir lá
a asa dum sonho atroz
(Na janela – José ga, 2008)
sexta-feira, Março 28,2008